terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Amor e o Compromisso em Serious Moonlight

Imagine a seguinte cena:
Um casal, casado há 15 anos. De repente, ele percebe que algumas coisas na relação não são como eram antes. O documentário da sexta na TV é mais interessante do que ir pra cama e fazer uma leitura com ela, como de costume. O café, que antes era um momento de planejamento diário, agora é apressado e termina com um frio beijo na testa. O pastel com caldo de cana do sábado à tarde na praia, tem se tornado cada vez mais raro. E ele então chega a uma conclusão: eu não a amo mais. Nesse ínterim, ele conhece Josefina, bonita, elegante, e que tem gostos parecidos com o dele. Sem perceber, eles começam uma amizade, e então ele percebe que não apenas não ama mais a sua esposa, mas também está apaixonado por outra pessoa. Essa constatação gera uma reação. Devo me separar, pois não a amo mais, amo outra, e quero ser feliz e fazê-la feliz também, afinal do que adianta ficar com alguém que eu não amo?
Esse é o enredo de novelas, filmes e também da vida real. Nessa visão hollywoodiana, o amor é colocado como um sentimento, e agimos conforme a sua intensidade e a sua duração. Ele é maior que o compromisso que une o casal, maior do que a aliança, ele é o passaporte para a felicidade.
Essa é uma visão de amor egoísta. No relacionamento o que importa é o que eu estou sentindo, a minha felicidade e satisfação, não mais meu comportamento diante do outro e do compromisso que fiz com ele/ela.
Essa é uma visão de amor escravizadora. Agimos de acordo com o que sentimos, isso significa que o sentimento nos controla e não o contrário. Já imaginou como seria o mundo se todos fossem agir de acordo com o que sentem?
Essa é uma visão de amor que produz insegurança. Se eu já deixei de amar uma vez, quem me garante que não vai acontecer o mesmo com a Josefina? E se daqui a 15 anos a história se repetir com ela outra vez?
Mais que um sentimento incontrolável, o amor, bem como os outros sentimentos que temos, devem ser controlados e expressados para a glória de Deus e para servir ao próximo. Nesse sentido, no casamento, o amor deve sempre estar aliado ao compromisso, à escolha que fizemos quando nos casamos. O amor sozinho não sustenta uma relação, pois os nossos sentimentos são instáveis. Amor e compromisso, caminhando juntos e em equilíbrio, debaixo da graça de Deus são os pilares de um casamento eterno.

O Filme Serious Moonlight, no Brasil traduzido como: Armadilhas do Amor, tenta mostrar isso. O casal passa exatamente pelo dilema relatado no caso fictício acima. Loise, a mulher traída, toma atitudes radicais (como por exemplo, prender o marido no banheiro, hihihi) para que Ian perceba que ainda a ama, e que o compromisso que ambos assumiram é maior do que as crises sentimentais. É uma gostosa comédia que vale a pena ser assistida, pensada e discutida.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Solus Christus

"[...] não espere que o casamento faça o que somente Jesus pode fazer. Ideias irreais e distorcidas a respeito do casamento podem resultar em decepção, frustração, raiva e desespero quando o parceiro desapontar e provar que é um santo de barro".

POWLISON, David; YENCHKO, John. Devemos nos casar? In: Coletâneas de Aconselhamento Bíblico - v.1 (1999) - Atibaia: SBPV, 1999. P.155

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Meu último casamento terminou em divórcio. Como eu me preparo para casar novamente? Como posso encorajar meu namorado nesta fé?

 (resposta de uma diaconisa*)

Um bom lugar para começar é a série Peasant Princess, que é baseada no livro de Cantares, para ver como você pode se preparar para ser uma esposa piedosa e auxiliadora no futuro, seja com o seu atual namorado, ou com outra pessoa que Deus tem para você. Sinto muito que seu ex-marido tenha pecado contra você e Deus, ao traí-la. O único modo pelo qual você pode vencer este temor é através de Jesus, permitindo-se perdoar o seu ex, para que você não seja tomada de amargura e medo do futuro. A cura leva tempo, e eu sugiro fortemente que você encontre uma mulher piedosa mais velha em sua igreja, que possa caminhar com você pelo seu relacionamento e vida, enquanto busca a Deus e o que Ele tem planejado para você.

Com o seu namorado, é difícil discernir a linha entre encorajar e perturbar. Entre meu marido e eu, é uma questão de confiar nele, e crer que Deus está cuidando dele – e não eu. Eu não sou o seu Espírito Santo, e mesmo que seja maravilhoso encorajar a oração e a leitura bíblica, isto é algo que ele precisa fazer por conta própria, assim como você. Da mesma forma que espero que você encontre uma mulher piedosa e mais velha, espero que ele encontre um homem mais velho e piedoso para encorajá-lo. Os homens têm uma forma de se animar mutuamente, que as mulheres não são capazes de reproduzir. Veja este exemplo em Tito 2.2-4.

Homens mais velhos devem ser sóbrios, dignos, controlados, sadios na fé, no amor, e na constância. As mulheres mais velhas devem ser reverentes no comportamento, não caluniadoras, nem escravizadas ao vinho. Devem ensinar o que é bom, e assim treinar as mais jovens a amar os seus maridos e filhos.

Um colega tinha este conselho a você, como se estivesse aconselhando sua própria filha:

  • Seja bastante observadora sobre como o seu namorado se comporta perto de outras mulheres. Ele flerta? Os olhos dele ficam vagueando, etc?
  • Observe como ele se comporta diante de sua mãe e irmã. Isto pode falar muito. Ele as ama? Ele as respeita? Ele honra sua mãe?
  • Também, como o pai dele trata a sua esposa? Isto pode ser uma bandeira vermelha, ou uma verde.

Ligado a isto está o currículo de aconselhamento pré-marital que usamos na Mars Hill. Sugiro que você o leia com o seu namorado, mas também encontre casais mais velhos e piedosos (idealmente as mesmas pessoas que os aconselham separadamente) que possam conhecê-los e mentorear ambos.

Também sugerimos os sermões do Pastor Mark sobre casamento para homens e mulheres da série Trial (1Pedro). Eles lhe falarão muito sobre o que Deus planejou para o casamento. A série original de sermões em Provérbios que o Pastor Mark fez há um tempo, sobre o Pacto de Casamento será instrutiva também.

Outro sermão que pode se mostrar bastante iluminador para você seria o sobre o namoro, que foi parte da série Religion Saves. Por favor, veja as notas daquele sermão também.

Finalmente, sugerimos que você leia “What did you expect?”, de Paul Tripp. Fala sobre as expectativas irreais de quase todos os casais logo que casam. Ler este livro pode ajudar você a evitar problemas antes que eles criem raízes. Tripp os chama de ervas daninhas que criam raízes no jardim do casamento.

Publicado no blog da Mars Hill Church [clique aqui para ler o original]


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*A Igreja Mars Hill adota o uso de diaconisas. Mais sobre a sua postura sobre o assunto pode ser lido aqui. Há uma longa discussão sobre a legitimidade de diaconisas, que não é o ponto do artigo - nem do EuCaso.com, e por isso não será discutido.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Seis coisas que os cônjuges deveriam aprender de Efésios 5

por Bob Lepine, palestrando na Conferência Nacional do CCEF

1. Eles estão mortos para o mundo e vivos em Cristo.

2. É crucial guardar a pureza sexual no casamento.

3. Guardem-se contra a cobiça (buscar a satisfação que o casamento deve promover, em coisas fora do casamento).

4. Mensagens sexuais do mundo são vazias.

5. Mortifiquem a carne, não tentem "gerenciá-la".

6. Os cristãos nunca deveriam se envergonhar de ter uma conversa sexual saudável no casamento.

Originalmente publicado no blog do CCEF [clique aqui para ler]

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Passione

Sim, eu assisto às novelas. Tirando o fato de que tal prática pode virar um vício e tornar-se pecado, eu acho interessante acompanhar algumas cenas e capítulos. Primeiramente eu não enxergo a novela como uma simples futilidade, eu gosto da teledramaturgia, como arte. Há também o fato, e esse é o mais importante, de que a novela é produto cultural, sendo assim, passível de crítica, de análise teorreferente. A novela é uma história, e quem escreveu a história, coloca nela seus pressupostos. As pessoas que estão a sua volta podem até dizer que não, mas também assistem às novelas, por isso, eu prefiro assistir e ajudar os outros a analisarem biblicamente, do que não assistir ou simplesmente beber da cultura como um glutão que engole de tudo de maneira passiva. A novela reflete os valores da sociedade e a sociedade reflete os valores da novela. Um exemplo, é a novela que a Rede Globo está exibindo, a das 21h, chamada Passione. A visão de mundo presente na novela é que o amor ou a paixão está acima de tudo, inclusive do nosso controle. Não podemos controlar o sentimento, não podemos "mandar no coração". O sentimento de amor é tão forte que justifica o envolvimento com pessoas de caráter duvidoso, adultério e até mesmo bigamia.
Quando você conversa com algumas pessoas, verifica que esse pensamento é bem presente, inclusive entre cristãos, e soa até como bonito, como aceitável. A ideia é que em nome do amor, tudo pode ser feito, não importa a estrutura, se existe amor, posso dá a direção que melhor me parecer.
Mas será que a Bíblia apresenta o amor como um sentimento incontrolável, irracional? Será que o amor justifica tudo? Será que o amor, como apresentado na telinha, é de fato o amor verdadeiro?
Pretendo responder à essas inquietações nos próximos posts.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dê graças! A visão de casamento da Time é obsoleta

Nancy Pearcey*

Na hora das famílias se reunirem para o Dia de Ação de Graças, a revista Time nos diz que o casamento está se tornando "obsoleto". Uma pesquisa conduzida junto com o Centro de Pesquisa Pew descobriu que aproximadamente 4 em 10 americanos concordam que o casamento está ultrapassado.

Este número inclui tanto os que aplaudem a tendência (62% dos que cohabitam) e aqueles que lamentam (42% dos auto-descritos conservadores).

A verdadeira estória, entretanto, é o pressuposto não declarado de que o casamento é definido primeiramente pelos benefícios que ele confere. Como a Time coloca, as pessoas não mais "precisam estar casadas para ter sexo, ou companhia, ou sucesso profissional, ou respeito, ou mesmo filhos".

O título do artigo é: "Casamento: pra que serve?"

Como os americanos vieram a aceitar uma visão tão utilitarista do casamento? É uma definição superficial, culturalmente condicionada, ocidental e modernista - uma que promete libertação, mas na realidade põe uma ameaça à liberdade.

As fontes da civilização ocidental - ambas clássicas e cristãs - reconheciam que relações sociais como o casamento são naturais, pautadas na natureza humana. O casamento foi considerado uma instituição social pré-existente com sua própria estrutura normativa.

Nós não criamos o casamento no improviso. Em vez disso, na elegante linguagem da cerimônia de casamento, nós "entramos no santo estado do matrimônio".

Então, na primitiva Europa moderna, a idéia estranha surgiu de que o casamento não é nem natural, nem intrínseco à natureza humana. Os físicos Newtonianos ilustraram o universo material como átomos se colidindo no vácuo sob a força da atração ou repulsão. A mesma metáfora logo foi aplicada ao mundo social também.

A sociedade civil foi ilustrada como muitos "átomos" humanos que se uniam e "amarravam" em vários relacionamentos sociais.

Os teóricos do contrato social como Locke e Rousseau propuseram que os humanos começam como indivíduos atomísticos, disconectados e autônomos. No "estado de natureza" não há casamento, família, nem sociedade civil.

Como, então, os relacionamentos sociais surgiram? De acordo com a teoria, foram criados pela escolha. E, portanto, podem ser recriados pela escolha.

A teoria do contrato social, assim, reduz todos os relacionamentos a... bem... contratos.

Em um contrato, os termos podem ser definidos da forma que você quiser. Diferente do compromisso da vida inteira de alguém para melhor ou pior, um contrato é uma troca limitada de bens e serviços. É um arranjo que firmamos com outros, que podemos fazer ou quebrar pela vontade. Se não mais produzir os benefícios desejados, pode ser encerrado.

Soa familiar? Esta é a visão de casamento que a Time pressupõe quando apresenta a idéia de que o casamento poderia ser obsoleto.

E a Time não está sozinha. A maioria dos americanos absorve alguma forma de teoria do contrato social com o ar que respira. O professor de Princeton, Eric Springsted, diz que este é a pressuposição inconsciente que os alunos trazem à sala de aula: "sem ter lido uma palavra de Locke, eles poderiam reproduzir sua noção do contrato social sem dúvida no mundo".

Não há surpresas no senso dos americanos, de que os laços sociais estão se enfraquecendo. No livro Democracy's Discontent (o descontentamento da democracia), Michael Sandel, de Harvard, reclama que a filosofia política liberal apresenta os humanos como "seres livres" que rejeitam se prender por qualquer "amarra moral ou cívica que eles não tenham escolhido".

Em Rights Talk (falando de direitos), Mary Ann Glendon, também de Harvard, diz que mesmo nossas leis são baseadas em uma imagem do "ser livre, um ser conectado a outros apenas por escolha".

E se humanos são originalmente e inerentemente indivíduos autônomos, então se segue logicamente que qualquer limite moral sobre a sua autonomia será considerado contrário à sua natureza. A idéia de que o casamento tem uma estrutura normativa parecerá opressiva.

Como resultado, o casamento como praticado nos Estados Unidos se tornou extremamente frágil - com consequências trágicas. Os dados empíricos claramente mostram que crianças de pais solteiros ou divorciados têm mais probabilidade de sentir problemas emocionais, de comportamento, e de saúde. Têm mais probabilidade de problemas na escola e desistência. São um risco maior para a gravidez antes do casamento, drogas e abuso do álcool, suicídio e crime.

Consequentemente, há mais probabilidade deles requererem serviços sociais através do sistema educacional, do sistema de saúde, do sistema de saúde mental e do sistema de justiça criminal. Todas estas intervenções são intrusivas e caras. Somente a execução do pagamento de auxílio à criança custa dez milhões de dólares aos Estados individuais.

Enquanto o casamento se enfraquece, o Estado cresce mais invasivamente, e se torna mais caro. E as pessoas crescem menos livres e mais fracas.

Os custos da crise no casamento são suportados por toda a sociedade, e, portanto, é razoável para toda a sociedade demandar apoio ao casamento - insistir que ele é privilegiado tanto culturalmente quanto legalmente.

A defesa do casamento é a defesa da liberdade. Nenhum dos dois é obsoleto.


Publicado originalmente no Human Events [clique aqui para ler o original]

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*Nancy Pearcey é autora do livro Verdade Absoluta, publicado em português pela CPAD; do livro A Alma da Ciência, publicado pela Cultura Cristã, bem como de outros livros envolvendo Filosofia da Ciência, Teologia Filosófica, Cristianismo e Cultura, e Cosmovisão Cristã.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

UNIVERSIDADE MACKENZIE: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA

A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.
Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).

Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.

Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.

Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.
Para ampla divulgação.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O gerúndio pré-marital: correndo, preparando, visitando, pensando e organizando

Pepe le Pew e sua gatinha no cartório - em busca da habilitação
Hoje recebi e-mail de um pastor amigo. Em linhas gerais, ele me alertou que as semanas anteriores ao casamento são estressantes, cheias de itens para checar, lugares para visitar, entre tantos preparativos.
Não apenas o pastor afirmou isso, mas a história tem demonstrado que o índice de TPM (tensão pré-marital) é altíssimo nessas semanas.
Há noivas que ficam iradas e supersensíveis, respondendo grosseiramente diante de qualquer mal-entendido. Há noivos que preferem passar esse período longe de sua amada, fugindo da responsabilidade para com o casamento, mas, em um nível mais fundamental, fugindo da tensão que este período causa.
A coisa é tão reconhecida culturalmente, que um canal de TV exibe um show sobre isso, cujo nome é Bridezilla - um trocadilho do monstro Godzilla com o termo Bride (noiva): ou seja, noivas comparadas a monstros tensos e devoradores.
Um dos maiores problemas disso, é que o clima de chegada do casamento, que deveria ser marcado por aquele friozinho gostoso na barriga, torna-se um ambiente de ira, discussões, insatisfação, e - muitas vezes - conflitos no casal.
Existem possibilidades para o fenômeno. Uma delas é que os noivos estão bastante preocupados com a beleza do culto. Não há pecado nisso.
O problema é: o que está por trás do desejo de ter uma cerimônia perfeita e marcante? É possível que um ídolo seja descoberto nessa investigação. Talvez os noivos tenham a expectativa de "brilhar" naquela noite. Talvez o casal deseje impressionar o público participante. Talvez tanto o homem quanto a mulher queiram que a sua vontade seja cumprida em cada detalhe, de modo que não aceitarão nada diferente, e responderão com ira, exercendo a sua "justiça' punitiva sobre os itens que fugirem de sua programação (seu controle sobre a história). Todas estas motivações são egoístas e pecaminosas.
Assinando a papelada
Doutrinas bíblicas podem ajudar a confortar o coração de noivos que caminham para o grande dia. A Doutrina da soberania de Deus pode nos ajudar a descansar na certeza de que a vontade de Deus será realizada, ainda que seja diferente da nossa. A doutrina bíblica a respeito do culto nos ensina que nossa expectativa última de um momento assim deve ser a celebração do Senhor, e não do homem - isso ajusta o nosso foco,  livra-nos de expectativas erradas, e assim, de frustrações. A doutrina bíblica do casamento nos ensina que o momento mais importante na vida do casal não é o culto do casamento, mas o decorrer de uma história de amor, compreensão, pecados, conflitos, graça e perseverança. Isso nos ajuda a não depositarmos nossa fonte de satisfação na cerimônia. A doutrina do homem na Escritura nos ensina que o homem é significado - ele aponta para Deus (sua existência é Teo-referente). Isso nos ajuda a tirarmos a atenção excessiva de nós e colocarmos no Senhor.
Com estes recursos da Palavra de Deus, podemos ter momentos mais tranquilos e prazerosos na organização do casório. Porque os momentos de alegria começam bem antes de dizer "sim".
Soli Deo Gloria.

*   *   *

Na última semana estive junto a minha noiva para resolvermos vários itens, como hotel, fotografia/filmagem, habilitação no cartório, roupas, entre outros itens. Deus nos tem dado graça. Ore por nós.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma compreensão bíblica do papel da família

Paul Tripp e seu pomposo bigode
Para qualquer nível do relacionamento entre homem e mulher, é necessário se ter uma compreensão adequada do papel da família. Digo isto porque, à medida que as expectativas no relacionamento são corrigidas conforme a compreensão da família, entre outros fatores.

Por isso, um ótimo recurso para se compreender o ponto está na série de Palestras do Paul Tripp sobre a adolescência. Especialmente na primeira palestra, uma belíssima e importante descrição familiar segundo a Escritura nos é fornecida.

Então tá esperando o quê? Visite o site do Seminário Bíblico Palavra da Vida, e comece a ouvir tais palestras!

Clique aqui para ir ao site.

Veja o vídeo abaixo, e conheça um pouco mais de Paul Tripp e seu pensamento.


Sua caminhada com Deus é um projeto de comunidade from iPródigo on Vimeo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Casamentos Teorreferentes?

Este é o meu primeiro post no euCaso.com. E, em um primeiro post, eu estava pensando em escrever sobre a teorreferência do casamento. Você deve estar pensando, nada mais óbvio. Porém, talvez você tenha visitado o euCaso.com, porque conhece os noivos, ou por indicação de alguém. É possível que você nem saiba, o que é de fato, teorreferência, e é isso que eu prentendo tornar um pouco mais claro.

Teorreferência é um conceito criado e usado pelo Professor Davi Charles Gomes. Significa que Deus é o ponto de referência último de todo o ser humano, portanto um casamento teorreferente é um casamento que tem Deus como referência.

Alguém, comentando o blog, uma vez me falou: "eu queria ter um casamento teorreferente", e eu respondi: "Você tem". O grande erro das pessoas é pensar que um casamento teorreferente é somente aquele casamento que busca agradar a Deus. Somos seres teorreferentes, sendo assim, todo e qualquer relacionamento, ou tudo aquilo que o homem faz será teorreferente. A teorreferência é negativa quando o homem despreza a Deus vivendo em rebelião, e positiva quando o homem caminha em amor e submissão a Deus. O homem já nasce em rebelião contra Deus, por causa do pecado que habita em seu coração. A menos que ele reconheça que sozinho não pode voltar-se com amor para essa relação, ele continua vivendo em rebelião. A ÚNICA maneira do homem desenvolver um relacionamento de amor e submissão com Deus é por meio do sacrifício de Jesus, que morreu no lugar do homem para pagar o seu pecado.
Então, você que nem mesmo acredita em Deus, saiba: você é um ser teorreferente! Você despeza a existência de Deus e isso só demonstra a sua rebelião e insubmissão, mas ele é o ponto último de sua existência.

Se você é casado, e seu relacionamento não segue o padrão bíblico de casamento, ainda assim ele é teorreferente, pois está demonstrando a sua indisposição em seguir as orientações de Deus.

Uma questão de Estrutura e Direção

Para que possamos entender melhor essa questão, vamos recorrer ao conceitos de estrutura e direção, colocados pelo estudioso Albert Wolters, em seu livro" A Criação Restaurada":
Estrutura seriam as leis ou padrões que Deus criou para que o homem se relacionasse com o próprio Deus, com a cultura e com o próximo. Isso significa que tudo que acontece com o homem, acontece debaixo de uma estrutura estabelecida pelo Criador, e grande parte dessas leis estão reveladas em sua Palavra, a Bíblia.

Com relação ao casamento, essa estrutura de matrimônio foi estabelecida. Alguns parâmetros podem ser observados para esse relacionamento (Gênesis 1.21-24):

  • Ele deve ser monogâmico.
  • Ele deve ser heterosexual.
  • Ele deve emancipado de intervenções paternas.

Obviamente há mais instruções para a família em toda a Bíblia. Todas essas instruções dizem respeito à estrutura que Deus planejou o casamento.
As estruturas criadas por Deus funcionam com uma direção. A direção é responsabilidade dos homens. Como o homem tem o seu coração é voltado contra Deus, essa direção que o homem dá às estruturas criadas por Ele é corrompida pelo pecado, portanto o homem na maioria das vezes dá uma direção ruim, mas o fato da direção ser ruim não interfere no padrão estabelecido na estrutura.

Sendo assim todo casamento é teorreferente, ou glorifica ou desonra a Deus, depende, em parte, da direção que damos a ele. Eu e o meu noivo, autores desse site, desejamos estabelecer um casamento que glorifique a Deus. Mas como a direção é dada por nós, que somos pecadores, essa não será uma tarefa fácil, e vamos tropeçar muito no meio do caminho. Mas o mais importante é que temos a estrutura, sempre diante de nós, e o Deus que criou a estrutura ao nosso lado nessa jornada.

Agradeço aos professores Fabiano Oliveira, Davi Charles Gomes e Heber Campos Jr. por estarem me ensinando a ver o mundo com lentes mais bíblicas. Sem eles a publicação desse post não seria possível.



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Os relacionamentos como o lugar do discipulado

Eu ligo para a minha noiva - que está a um milhão de quilômetros de distância - e começo a derramar minhas frustrações, minha ira, decepções e angústia ao telefone.
Após demonstrar compaixão, ela subitamente começa a me fazer perguntas que esclareçam meus pensamentos e sentimentos. Questiona a minha percepção dos fatos - demonstrando que às vezes eles não aconteceram como eu digo: eu estou interpretando-os segundo o meu coração. Suavemente, e às vezes com seriedade maior, vai desvendando que o meu coração encontra frustrações, ira, e angústia, por expectativas erradas, idolatria, temor de homens, e o esquecimento de quem sou em Jesus.
Pouco a pouco vai reorientando o foco de minha observação da realidade, tirando a minha centralidade, e colocando-a em Cristo.
Enquanto isso, eu reajo de várias formas: ora reconhecendo prontamente o meu erro, e caminhando na perspectiva de ajustar a compreensão das coisas segundo as Escrituras, e ora lutando pra manter minha posição, escondendo-me atrás de desculpas e da culpa de outros ("mas foi ele que fez ...", "mas eu sou vítima...", ...). Até que, pela graça de Deus, sou vencido. Ainda que não tenha todas as questões resolvidas, já tenho um novo olhar sobre a coisa, e já posso caminhar para o conserto.

Talvez poucos casais vejam o seu relacionamento como o lugar do discipulado. Na vida do casal - namorados, noivos, ou casados - existem muitas oportunidades para o crescimento espiritual. Provavelmente é com o seu companheiro que você mais conversa, então pense nas possibilidades. Ele começa a conhecer o seu coração, identifica os recursos positivos e negativos que você usa para lidar com as situações, percebe os seus pontos fortes e fracos, e sabe como ajudá-lo.
É no convívio diário de nossos relacionamentos que a prestação de contas pode ser melhor vivenciada, que os pecados podem ser denunciados, e que Jesus pode ser exaltado.
Para que isso aconteça, no entanto, o casal precisa de honestidade. Principalmente no namoro, há muito fingimento por parte de ambos. O namorado posa de sabichão e forte, enquanto a namorada interpreta uma donzela meiga. As lutas são escondidas e não há diálogo honesto. Ambos vão aos encontros com suas máscaras. Para um efetivo discipulado, a honestidade é fundamental.
Além da honestidade, o estabelecimento de um diálogo Teo-referente também é necessário. Por "diálogo Teo-referente" quero dizer que as conversas devem ser percebidas como oportunidades de honrar a Deus, e promover o crescimento do outro. Que tal criarmos uma cultura na qual o casal tem tranquilidade para conversar sobre seus erros e fraquezas - sem que eles se sintam acusados ou diminuídos um pelo outro? Conversar sobre essas questões com alguma regularidade pode ajudar os pombinhos a criticar e receber críticas mutuamente, em um clima de segurança, amor, e temor do Senhor.
Use a sua criatividade e pense nas possibilidades de um discipulado no namoro/ noivado/ casamento. Leitura bíblica conjunta? Aconselhamento mútuo? Oração de um pelo outro? Orações conjuntas? Análises do dia-a-dia a partir da Escritura? Estudo de boa literatura juntos?
As possibilidades são muitas. O relacionamento não é a fuga das questões de Deus e da igreja. Não é um refúgio da realidade, ou dos conflitos com os pais, com o chefe no trabalho, ou com qualquer outra pessoa. Não é o centro da minha existência. Não é um meio para a satisfação pessoal exclusiva.
É o palco da glória de Deus, o lugar do discipulado.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sozinh@ e solteir@

Qual o segredo da felicidade, será preciso ficar só pra se viver? 
(Kid Abelha, Grand Hotel)

As canções sobre solidão refletem um item que, em maior ou menor grau, afeta muitos relacionamentos. De fato, não poucas pessoas, à medida que se aproximam da casa dos 30, entram em um clima de ansiedade quanto ao seu estado civil. "Ficarei só?" - pergunta uma jovem. "Vou ficar encalhada mesmo?" - outra questiona. "Será que eu nunca vou encontrar alguém?" - um homem pensa.
Por um lado, tais questões podem ser legítimas. Para alguém que planejava casar e estar acompanhado de um cônjuge até o fim da vida, chegar a determinada fase e ainda não ter encontrado @ parceir@ pode ser algo, até certo ponto, alarmante. Não há problemas em se intensificar as orações e até mesmo ter os "olhos mais aguçados" na procura de outro para amar.
Por outro lado, quero convidar você a pensar sobre os elementos que podem estar por trás dessa ansiedade - e que, de fato, estão em muitos casos. A angústia que brota da solidão e do medo de ficar só pode revelar alguns ídolos do coração, bem como o esquecimento de lições bíblicas importantes para todos nós. Além disso, existem implicações para a vida no dia a dia, como uma resposta prática daqueles que vivem em tal preocupação.
Pensemos juntos.


O problema cultural
Existe uma dimensão cultural seriamente problemática - não apenas em termos amplos, mas mesmo dentro das igrejas. Refiro-me à idéia de que alguém sempre deve estar acompanhado. Desde cedo nós brincamos com os bebês, simulando namoros entre crianças que, de outra forma, não considerariam olhar para a garotinha de 2 anos à sua frente desta maneira. Empurramos os infantes para pegarem na mão do bebê mais próximo, e os encorajamos a beijar ou simular um "relacionamento adulto", apenas para sorrirmos, soltarmos aqueles ruídos que fazemos diante de bebês (o típico: "ooooooooh"), e satisfazermos a nossa brincadeira tola. Em outras palavras, transformamos seres humanos em nossas Barbies e Kens, para deleite pessoal, incutindo em suas cabeças, desde cedo, que precisam estar com alguém, precisam se relacionar amorosamente com um parceiro. Não é à toa que, ainda cedo encontramos tais crianças envolvidas em algum tipo de "namorico". Elas foram treinadas para tanto.
Além disso, existe uma pressão social na igreja, por meio da qual um adolescente ou jovem necessariamente deve estar namorando. Uma senhora idosa encontra uma adolescente de 16 anos. A jovem ainda não sabe escolher adequadamente o batom que vai usar, mas a senhora lança a pergunta fatal: "cadê o namorado?". "Que namorado?", responde a garota. "Você não tem? Não se preocupe. Linda desse jeito, logo vai arrumar um". E assim a adolescente vai sendo ensinada que não apenas é natural que ela esteja com alguém, mas é necessário que ela esteja em um relacionamento.
Quanto mais velhas as pessoas se tornam, maior a cobrança por um parceiro. Aquela adolescente agora tem 25 anos, e ainda não tem um namorado. O que acontece em sua igreja? Todas as suas amigas insistem em perguntar quando vai aparecer um "carinha na parada", ou pior: insistem em lhe apresentar homens e fazer programas ridículos na tentativa de lhe empurrar pessoas.
O resultado é que, ao chegar aos 30 anos de idade, tal jovem estará profundamente atormentada. Por um lado as pessoas ainda perguntam por um namorado. Por outro, ainda existem aquelas que desejam lhe apresentar pessoas. Por trás, existem os que zombam dela, afirmando que "ficará para titia". E na frente, um conjunto de irmãzinhas piedosas diz toda semana que está orando para ela "encontrar o seu ungido".
Com essa conjuntura, ela criou uma pressão interna, por meio da qual não aceita o fato de estar só. Isso a coloca em crise consigo, mas ainda mais fundamentalmente, com Deus.

O problema das pressuposições
O que há de errado nessa história? Os amigos e irmãos não estavam preocupados com a jovem? Em algum sentido, sim. Porém, estavam trabalhando a partir de pressuposições errôneas, que os levaram a um comportamento errado.
Em um nível básico, eles estão trabalhando a partir da convicção de que todos devem estar acompanhados para serem felizes. Será isto verdade? Quando olhamos para as Escrituras, percebemos que as coisas não são bem assim. Quando Jesus é questionado sobre a seriedade do casamento, em Mt.19, Ele afirma que nem todos estão aptos a lidar com isso (vv.11-12). O Messias afirma, ainda, que há eunucos de nascença, ou seja, pessoas que nasceram para ficarem sozinhas por toda a sua vida. Em 1Co.7, Paulo sugere que as pessoas sejam como ele, e afirma isso no contexto de que é bom não se casar e dedicar-se a Deus. A Bíblia rejeita fortemente a noção de que alguém só é feliz se acompanhado. Por isso, ninguém que viva no celibato deve ser alvo de nossa zombaria ou preocupação exagerada - não podemos substituir o Espírito Santo.


Ídolos do coração
Agora pensemos na jovem angustiada. Que problemas percebemos no quadro? Primeiramente, ela assimilou a pressuposição de que só será feliz quando estiver casada. Já denunciamos e desmistificamos esse conceito pelas Escrituras.
Ao colocar a companhia de alguém como o elemento que determinará a sua felicidade, tal jovem criou um ídolo. O seu bem-estar depende de um relacionamento com um rapaz. Agora ela passa a viver a serviço deste ídolo. Busca jovens em todo lugar. Conversa com suas amigas sobre rapazes, e tenta acalmar o seu ídolo com a esperança de que logo encontrará alguém. Às vezes não consegue acalmar, e se entrega à ira, ao desespero, ora tendo reações agressivas, ora se fechando em seu mundo, para que ninguém a alcance.
Em um nível ainda mais profundo, tal jovem está confusa em sua identidade. Um dia a consciência de sua identidade em Jesus era o fator determinante de sua vida, mas agora ela é definida por sua luta contra a solidão. Ela se vê definida como "solteirona" ou "encalhada", e não como "filha de Deus", ou "amada por Jesus".
O resultado é que, na bagunça entre idolatria e confusão de identidade, ela tem passado a ver Deus como Aquele que a impede de ter a sua satisfação em um casamento - ela vive a perguntar: "Por que Deus não responde as minhas orações por um marido?".

Ajustando o foco
Como podemos ajudar esta jovem? Primeiro, já identificamos um quadro problemático. A luta foi construída desde a infância, e assim as coisas não serão resolvidas num passe de mágica. Mas temos esperança, pois quem faz as coisas não somos nós, mas o Redentor - Aquele que salvou a jovem do maior de todos os problemas: a condenação do pecado.
Podemos ajudar a jovem resgatando a sua identidade em Jesus. O ponto mais fundamental, a partir do qual os outros são levantados, é a questão de sua identidade. Quando ela se perceber como a Escritura realmente a define: uma filha de Deus, amada por Jesus e por Ele cuidada, as outras questões passarão a ser tratadas com maior clareza. Ela precisa compreender que, em Jesus, ela tem tudo o que precisa para uma vida plena (2Pe.1.3-9). Quando estiver realmente satisfeita em Deus, verá que a companhia de um homem pode até vir, mas não ocupará o lugar central em seu coração.
Após o ajuste da identidade, a idolatria precisa ser desmascarada. Ela deve contemplar o fato de que está permitindo que a busca por um parceiro determine a sua vida como um todo, inclusive o seu relacionamento com Deus. Identificado o ídolo, ele deve ser quebrado, e as relações reajustadas, tendo Jesus como o centro da vida.
A essa altura, ela poderá estar pronta para saber (ou já saberá) que existe a possibilidade de ficar solteira para sempre. É o momento de corrigir as pressuposições erradas, a cosmovisão regional e pessoal que foi desenvolvida desde a infância. Obviamente a ansiedade e a luta com isto pode se manifestar por várias vezes em sua vida, mas devemos ajudá-la a ter a munição das Escrituras, para reconhecer que Deus está cuidando de sua vida.

Outros erros, e uma convocação
O caso poderia ser expandido em muitas nuances, e você pode pensar em mais detalhes do que eu. A idéia é ilustrar uma situação. Existe uma conexão direta entre tais pressuposições e ídolos, e as condutas do dia-a-dia.
Pessoas com tal ansiedade podem ser tentadas, por exemplo, a rebaixar os padrões para seus relacionamentos. Nesse sentido, a jovem poderia riscar de sua lista o critério "ser cristão", e passaria a buscar qualquer homem - o que lhe renderia vários outros problemas.
Como estratégia de manipulação para segurar o namorado até o casamento, a jovem poderia abrir mão do critério pureza sexual. Para não ficar sozinha, passaria a fazer o que o namorado pedisse, relacionando-se sexualmente com ele como forma de mantê-lo consigo.
Várias outras estratégias seriam utilizadas, tendo como fundamento o medo de ficar só.
O evangelho nos liberta desses temores. Somos convocados a (1)corrigir a nossa conduta, se temos contribuído para um ambiente de pressuposições anti-bíblicas quanto aos relacionamentos; (2) ajudar aqueles que sofrem à nossa volta, desmascarando ídolos do coração; (3) resgatar a identidade em Cristo daqueles que, em meio à angústia, sentem-se definidos por suas lutas; e (4) demonstrar amor e trazer esperança aos que precisam da Palavra de Deus.
Deus nos ajude nessa tarefa.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Uma pergunta no meu formspring

Qual é a sensação de ficar noivo? rsrs

A sensação é boa e vem acompanhada de várias reflexões.

Por um lado, não noivei e nem pretendo casar para ninguém, senão para a glória de Deus, e o exercício do amor para com a minha noiva, a linda @isilva67.

Por outro lado, o meu relacionamento não deixa de atuar como testemunho diante das pessoas à minha volta - e cada vez mais percebo a importância disso tudo.

Diante de relacionamentos que são desmanchados todos os dias, casamentos que rompem, noivados quebrados, namoros encerrados, etc., relacionamentos firmes baseados na aliança do Senhor conosco, e na aliança do casal, são uma fonte de esperança e encorajamento para muitos.

Diante da mentalidade egoísta de pessoas que desejam concluir mil cursos e passar em um concurso público para só depois pensar em casamento, relacionamentos assim ajudam a indicar uma perspectiva adequada.

Diante dos pecados do nosso tempo, como o sexo pré-marital (antes do casamento), o egoísmo (buscar um relacionamento para satisfação pessoal e nada mais), etc., namoros, noivados e casamentos que testemunhem a pureza - não a perfeição - são muito bem vindos.

Enfim, a sensação é ótima. Amo a minha noiva. E ao mesmo tempo, com todos os meus pecados e limitações, quero andar de mãos dadas com ela, na certeza de que a base de nossa união é a Aliança.

Abraço, e obrigado pela pergunta.

 O meu fomspring pode ser acessado aqui.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Tudo começa com Quem começou tudo

Em um blog sobre relacionamentos e assuntos do tipo, pode ser fácil desviar o foco de Quem realmente importa. Se você está se perguntando Quem realmente importa, veja o "Q" maiúsculo e conclua: Deus.
A origem dos relacionamentos está na aliança, e por isso os compromissos entre os homens brotam, em última análise, de uma estrutura relacional formada por Deus.

Por uma antropologia bíblica

Pense no homem, por um minuto (embora isso não seja difícil). Quem somos, e como somos? A nossa identidade é dada por Deus, os nossos atos estão de acordo ou contra a Sua vontade revelada, nosso coração está em paz ou em rebelião contra o Senhor. Para usar termos bíblicos: "Nele vivemos, e nos movemos, e existimos" (At.17.28).
O que isso significa? Em simples linhas: que somos seres Teo-referentes (vou deixar a escrita na nova ortografia para a minha noiva).
Por sermos assim, a nossa existência é relativa a Deus. Existimos para Ele. Vivemos tendo-O como referência - quer reconheçamos isso, quer não.
Ilustrando de outro modo: você pode chegar em um país e viver ignorando as leis daquele lugar, mas ainda estará quebrando tais leis, pois não é o fato de você ignorá-las (deliberadamente ou não) que vai torná-las não aplicáveis a você. As leis de um país são maiores do que os cidadãos, no sentido de que, ignorando ou não, a sua conduta será observada tendo tais leis como referência.
Agora imagine o Legislador eterno - Aquele que criou até mesmo a lei da gravidade. Não é por alguém ignorá-Lo ou não crer Nele, que Sua existência e mandamentos perderão validade. Mesmo os ateus são Teo-referentes.


Relacionamentos relativos

Se os homens têm sua identidade definida por sua relação com Deus, tudo o mais que eles fazem também entra no jogo. Quem somos e como somos, é pensado em nosso ponto de referência último - O Criador de todas as coisas. Por isso, do simples acordar, ao mais complexo ato de fazer a declaração do Imposto de Renda, nossas posturas e ações estão relacionadas a Deus, de modo positivo ou negativo.
Se tudo significa "todas as coisas" - como é o caso aqui -, então os relacionamentos não ficam de fora. Seja um namoro, um noivado, ou um casamento - para ilustrar os relacionamentos entre homem e mulher -, Deus é o ponto de referência pelo qual a relação será observada. "Como somos diante de Deus?" deveria ser a pergunta de todo casal.
Perceba as implicações disso: Quem eu sou é definido em relação a Deus, com quem eu estou possui um significado a partir da visão de Deus, e como eu estou com tal pessoa precisa ser avaliado à luz da perspectiva de Deus. Outros pontos podem ser pensados, mas esses três ajudam a promover a compreensão do ponto.

O conforto Teo-referente

Há uma tentação aqui. Falar que tudo deve ser observado e avaliado em relação a Deus, pode ser mal compreendido, e utilizado para promover um moralismo perigoso. Na verdade, o moralismo é o desvio da Teo-referência, para a adoração das obras. Assim, alguém pode passar a julgar todos os relacionamentos como "não Teo-referentes" porque não se adequam ao padrão moral estipulado por tal crítico, ou por um grupo de críticos.
Mas ter um relacionamento Teo-referente é receber o conforto de que, mesmo quando um pecado for cometido, o centro do relacionamento não é o meu pecado, mas Deus e Sua graça. A perspectiva de relacionamentos centrados em Deus traz força e coragem para aqueles que lutam contra dificuldades e pecados que tentam desviar os seus olhos do "Deus conosco". Relacionar-se Teo-referentemente é, em última análise, saber que Deus é quem sustenta o casal (e o casamento).
Existe esperança para o seu namoro. Existe força para o seu noivado. Existe graça para o seu casamento. Compreenda a dimensão Teo-referente, e alegre-se em Deus.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Por um casamento Teo-referente

Mais um blog de "noivinhos" querendo casar? Sim e não. Sim, pois se trata de um casal a caminho da aliança. E não, pois não se trata de mais um clichê cibernético.

Este espaço foi pensado para informar aqueles que desejam acompanhar mais de perto o casal Allen Porto - Ivonete Silva, para auxiliar aqueles que pensam em comparecer ao casamento, e, principalmente, para contribuir para o desenvolvimento de uma mentalidade Teo-referente (ou Teorreferente, segundo o novo acordo ortográfico) do casamento.


Por isso, posts de pelo menos 3 naturezas serão apresentados aqui: Alguns puramente descritivos da história e vida do casal; outros indicativos, com informações sobre hotéis e passagens para o local do casamento, bem como maiores informações sobre datas, etc.; e ainda outros com reflexões a respeito da vida a dois a partir de uma cosmovisão bíblica.

Você é convidado a nos acompanhar. Será um prazer tê-lo como parceiro nessa caminhada.

Soli Deo Gloria.